2009-01-25 

Palavras que matam

No ano passado, o Grupo de Trabalho que preparou a sessão sobre o Rio de Janeiro no Tribunal Popular: o Estado Brasileiro no Banco dos Réus, teve uma tarefa nada edificante: pesquisar, em várias fontes, declarações, textos e publicações onde estivessem expressos, de maneira clara e exemplar, os pontos de vista e pretensos “argumentos” utilizados por autoridades e “formadores de opinião”, para justificar o extermínio sobre as populações pobres e marginalizadas.

Parte desse material foi brilhantemente utilizado pela Cia Marginal, grupo teatral formado por jovens moradores de favelas da Maré, na dramatização da “defesa” do Estado na sessão sobre o Rio.

Entretanto, a maior parte da pesquisa não chegou ao conhecimento nem mesmo do público que assistiu ao Tribunal, em São Paulo ou pela Internet. Resolvemos então divulgar todas as declarações e textos pesquisados, com as fontes indicadas quando possível. São palavras cruéis, tão mortais quanto as balas que dilaceram os corpos nas favelas e periferias do Brasil. Mas são também um documento impressionante, um registro de uma época sinistra em que ainda estamos mergulhados, mas que lutamos para que se torne um passado tenebroso, o mais rápido o possível.

As Personagens:

Alfredo Sirkis – Político
Aloísio Russo – Ex-Chefia da Metropol 3
Álvaro Lins – Ex-Chefe da Polícia Civil
Arnaldo Jabor – Intelectual
Barbara Gancia – Colunista
Beltrame – Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro
César Maia – Prefeito do Rio de Janeiro
Drauzio Varella – Médico
Edison Lobão – Ministro de Minas e Energia
Eduardo Paes – Deputado Estadual
Elio Gaspari – Intelectual
Erasmo Dias – Ex-Secretário de Segurança Pública de São Paulo
Ernesto Geisel – Ex-Ditador
Fernando Henrique Cardoso – Ex-Presidente do Brasil
Garotinho – Ex-Governador do Estado do Rio de Janeiro
Gilberto Velho – Antropólogo
Hélio Luz – Ex-Delegado e Político
Ib Teixeira – Pesquisador
Humberto Motta – Ex-Presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro
Jacqueline Muniz – Antropóloga
José Fernando da Costa Lima – Policial
José Genoíno – Político Petista
Kate Lyra – Atriz
Lima Neto – Ex-Diretor Presidente da CSN
Luiz Eduardo Soares – Sociológo
Luiz Fernando Côrrea – Ex-Secretário Nacional de Segurança Pública
Luiz Paulo Conde – Ex-Prefeito do Rio de Janeiro
Marcello Alencar – Ex-Governador do Estado do Rio de Janeiro
Marcus Jardim – Ex-Comandante de Policiamento da Capital
Marina Maggessi – Policial
Mário César Flores – Ex-Ministro da Marinha
Mário César Monteiro – Juiz de Direito
Milton Corrêa da Costa – Ex-Assessor Parlamentar da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro
Nilton Cerqueira – Ex-Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro
Noaldo Alves da Silva – Ex-Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro
Josias Quintal – Ex-Secretario de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro
Olavo de Carvalho – Intelectual
Paulo Francis – Jornalista
Paulo Maluf – Político
Reinaldo Barros Filho – Ex-Deputado Estadual
Roberto Campos – Intelectual
Rosinha – Ex-Governadora do Estado do Rio de Janeiro
Rubem César Fernandes – Antropólogo
Sérgio Cabral – Governador do Estado do Rio de Janeiro
Sérgio Olímpio Gomes – Político
Vera Lúcia Alves – Integrante do Movimento Pela Vida
Victor Márcio Konder – Articulista
Waldir de Abreu – Articulista
Zuenir Ventura – Colunista

A Morte Compensa

• “ Mesmo morrendo crianças, não há outra alternativa. Esse é o caminho.” (Beltrame – http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI1998832-EI5030,00.html)
• “Nosso bloco está na rua e, se tiver que ter conflito armado, que tenha. Se alguém tiver que morrer por isso, que morra. Nós vamos partir pra dentro.” (Josias Quintal – 21/02/2003 – O Globo)
• “não se pode fazer um omelete sem quebrar alguns ovos” e que “o remédio para trazer a paz, muitas vezes, passa por alguma ação que traz sangue” (Beltrame – Jornal O Globo, 29/06/2007, pp. 14)
• “No momento que vidas são terminadas obviamente que nós não podemos dizer que foi bom…. mas dentro do nosso ponto de vista operacional e dentro daquilo que nós vínhamos planejando, [a operação] conseguiu sem dúvida nenhuma desarmar grande parte do grupo que atuava naquela área.” (Beltrame – 17/10/2007 – O Globo)
• “os mortos e os feridos geram um desconforto, mas não tem outra maneira” (Luiz Fernando Côrrea – 29/06/2007)
• “Em qualquer parte do mundo, o combate à criminalidade se dá numa região fronteiriça, onde excessos acontecem. Reconhecer isso não é justificar os erros da polícia, ou lhe dar carta branca. É, pelo contrário, respeitar a natureza da atividade policial e os riscos que ela envolve, de modo a não satanizar a polícia e, ao mesmo tempo, estar consciente de que é preciso fiscalizar de perto as suas ações” (Editorial, O Globo, 13/abr/01, p. 6)
• “Não se combate guerrilha armada – e bem armada – com operações policiais. Na minha opinião, urge a necessidade de ações operativas militares num quadro de defesa interna em que o inimigo deva ser eliminado”.(entrevista ao blog Santa Bárbara e Rebouças, do coronel reformado da PM do Rio e ex-deputado estadual Emir Larangeira, que pertenceu no início da década de 90 ao grupo de policiais Cavalos Corredores)
• “não peço a ninguém para ser arbitrário, mas o policial não pode ser banana. Os traficantes atiram e nós vamos responder com flores?” (Garotinho – Jornal do Brasil, 21 out. 99)
• “a vontade que qualquer pessoa normal tem é de enfiar o cano do revólver na boca dessa sub-raça e mandar ver” (Barbara Gancia – 14.ago.96 -Folha de São Paulo)
• “É bom lembrar também que o aumento do número de mortes não foi de cidadãos e sim de bandidos, haja vista que a atual política de segurança pública tem como estratégia enfrentar diretamente os criminosos” (Nilton de Albuquerque Cerqueira – 3.ago.98 –Jornal do Brasil)
• “A impressão que fica, com as mortes de marginais, é que a polícia está presente em vários lugares. E, além disso, muitos policiais também morrem nos confrontos. A matéria prova que o Rio de Janeiro está enfrentando muito bem a criminalidade.” (Humberto Motta – 8.abr.96 -Jornal do Brasil)
• “A violência aumentou porque a polícia, sem o apoio oficial, tem evitado atirar em bandidos. Quem perde com isso é a sociedade” (Reinaldo Barros Filho – 25.fev.96 -Jornal do Brasil)
• “Acho que a tortura em certos casos, torna-se necessária para obter confissões (…) Não justifico tortura mas reconheço que o indivíduo é impelido a praticá-la para obter determinadas confissões e, assim evitar um mal maior.” (Ernesto Geisel – transcrito na Veja de 22.out.97)
• “bandido com AR-15 na mão é um precisa sair do convívio da sociedade. Ele não pode ser preso” (Noaldo Alves da Silva – 8.mai.98 –Folha de São Paulo)
• “Os nossos estrategistas acreditam que basta matar o criminoso para acabar com o crime, exterminar o traficante para erradicar o tráfico. Parecem desconhecer lição elementar de que só existe soro antiofídico porque, em vez de tentar matar todas as cobras, alguém pegou algumas vivas para delas extrair o antídoto contra seu próprio veneno.” (Zuenir Ventura – 9.mai.98 – Jornal do Brasil)
• “Dizem que a polícia está atirando muito, mas quem está atirando muito é o bandido. E bandido que atira na polícia não merece sobreviver. Ele tem ser eliminado do convívio social.” (Noaldo Alves da Silva – 29.ago.98 – Folha de São Paulo)
• “Em qualquer parte do mundo, o combate à criminalidade se dá numa região fronteiriça, onde excessos acontecem. Reconhecer isso não é justificar os erros da polícia, ou lhe dar carta branca. É, pelo contrário, respeitar a natureza da atividade policial e os riscos que ela envolve, de modo a não satanizar a polícia e, ao mesmo tempo, estar consciente de que é preciso fiscalizar de pertos as suas ações.” (Editorial – 13.abr.01 –O Globo)
• “Mas se alguém tiver que morrer, que seja quem está praticando o mal para a sociedade.” (Rosinha – 13.mai.03 – O Dia)

Dois Pesos e Duas Medidas

• “Um tiro em Copacabana é uma coisa. Um tiro na Coréia (periferia) é outra.”(Beltrame – Jornal “Extra” de 24/10/2007)
• Já no ano de 2004, o então vice-governador Luiz Paulo Conde, secretário estadual de Meio Ambiente, propôs a construção de muros de concreto para cercar as favelas da Rocinha, do Vidigal e do Parque da Cidade visando “conter a violência” das ruas dos bairros nobres do Rio de Janeiro. Nas suas palavras, tratava-se de “um plano emergencial para começar já”, e confirmou, “a governadora e o secretário aprovaram” (Época Online 12/04/2004)
• “tiro em Copacabana é uma coisa, e, no Alemão, é outra”. O secretário disse ainda, que a aproximação entre as favelas e as “janelas da classe média” não vai evitar que a polícia realize operações nesses locais, mas será necessário "ter uma análise de critério muito grande " ( Beltrame – 24/10/2007 – Folha de São Paulo)
• “Se não defendo a pena de morte contra os assassinos, é apenas porque acho que é pouco. Não paro de pensar que deveriam ter uma morte hedionda, como a que infligiram ao pobre menino. Imagino suplícios medievais, aqueles cuja arte consistia em prolongar ao máximo o sofrimento, em retardar a morte. Todo o discurso que conheço, e que em larga medida sustento, sobre o Estado não dever se igualar ao criminoso, não dever matar pessoas, não dever impor sentenças cruéis nem tortura – tudo isso entra em xeque, para mim, diante do dado bruto que é o assassinato impiedoso. Torço para que, na cadeia, os assassinos recebam sua paga; torço para que a recebam de modo demorado e sofrido.” (JANINE, R. Razão e sensibilidade in Jornal Folha de São Paulo, Caderno MAIS, do dia 18 de fevereiro de 2007)
• “terrorismo e tortura, enfim, não estão no mesmo plano: aquele é hediondo em si, esta depende de graus e circunstâncias” (Olavo de Carvalho, filósofo, artigo “Tortura e terrorismo”, O Globo, 6 jan. 01. p.7)
• "Frise-se, por derradeiro, que a medida excepcional está calcada em diversas denúncias semelhantes, provavelmente endereçadas por cidadãos humildes e honestos da comunidade local que, certamente indignados com os desmandos do Elias Maluco e sua gangue, bem como o triste envolvimento de parca parcela de policiais corruptos com estes elementos espúrios, busca o único meio de reagir à impunidade crescente neste país; ou seja, denunciar as escuras! Destarte, este grito de socorro e justiça promovido pelo povo deve ser atendido COM URGÊNCIA E RIGOR, não só pelos policiais honestos, mais também e, principalmente, pelo Poder Judiciário, que ciente e consciente das dificuldades investigatórias dos incorruptíveis policiais e da fragilidade dos cidadãos que se aventuram em “denunciar” o lixo genético que lhes amedronta, cala e mata, não pode simplesmente encastelar-se de forma alienada para discutir meras filigramas jurídidas". (juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira – Mandado de Busca e Apreensão Genérico – Justiça Global, Relatório Rio – Violência Policial e Insegurança Pública, 2004, pp 34.)
• “Estes violentos bandidos se animalizaram (…) Eles são animais. Não podem ser compreendidos de outra maneira. Por isso os confrontos não podem ser civilizados. Essa gente não tem que ser tratada civilizadamente. Têm que ser tratados como animais”. (Marcello Alencar – 11.mai.95 – Jornal da Manchete)
• “Histórias como essa que traficantes, a exemplo de seqüestradores, não têm a menor consideração com direitos humanos, comportando-se como animais selvagens que não merecem qualquer consideração”. (Editorial – 15.dez.95 – Jornal do Brasil)
• “Parece-me uma grande injustiça compara um animal selvagem, irracional, vivendo uma vida instintiva, que só mata para se alimentar, e que merece toda a nossa consideração, com estes monstros que usam de modo tão perverso aquilo que os distingue dos animais: a atividade mental. Não façam com a comparação esta afronta aos animais”. (leitor – 30.dez.95 – Jornal do Brasil)
• “Enquanto os ricos sofrem com os seqüestros, as classes média e pobre sofre duplamente, tendo que conviver com os bandidos em seu dia-a-dia e não tendo empregos para si e seus filhos”. (Lima Neto – 28.nov.95 – O Globo)
• “O direito penal é essencialmente pragmático. Tem que optar pelo lado mais sadio da sociedade, ora acuada nas ruas e atrás de grades nos lares.” (Waldir de Abreu – 13.jul.96 – O Globo)
• “as vítimas perderam sua cidadania no momento em que portaram armas sem autorização legal e desafiaram a autoridade pública em tiroterios” (Hélio Luiz – 10.abr.96 -Jornal do Brasil)
• “bandido não é civil” (Nilton Cerqueira – 17.mai.96 -Jornal do Brasil)
• “Um juiz querer esconder o fato de que um policial que vá interrogar um criminoso de alta periculosidade usando rigor é irreal. Um empurrão ou outro é fruto daquele meio. Não posso, como juiz, espaçar da realidade e por causa disso repudiar tal fato. O que posso fazer? Repreender um policial porque deu um empurrão num marginal e processá-lo por abuso de poder? É essa a realidade? É essa a desmoralização da autoridade policial que queremos?” (Mário César Monteiro – 10.abr.96 -Jornal do Brasil)
• “O secretário de Segurança, general Nilton Cerqueira, tranqüilizou o delegado da 73º DP, Elir Clarindo – preocupado com a morte de um visitante -, afirmando que ‘os reféns eram parentes de bandidos’” (13.abr.96 – Folha de São Paulo)
• “Direitos humanos não são para bandidos. São para o povo que paga impostos.” (Paulo Maluf – 16.ago.97 – Folha de São Paulo)
• “A primeira reação do governador fluminense depois do assassinato da estudante Ana Carolina, em Laranjeiras, foi lembrar à polícia que os animais devem ser tratados como animais.” (Editorial – 17.abr.98 –Jornal do Brasil)
• “Nós somos da paz e pelos direitos humanos, mas para os que são mais humanos.” (Sérgio Olimpio Gomes – 22.dez.97 –Jornal do Brasil)
• “Não houve chacina. Houve a morte de seis bandidos procurados pela polícia. É diferente quando morre uma pessoa de bem, um trabalhador. Eram seis bandidos procurados pela polícia. Isso é normal.” (Garotinho – 5.fev.00 – Folha de São Paulo)
• “Bandido não pode sair matando quem quiser e depois querer direitos humanos.” (Garotinho – 21.out.99 – O Dia)
• “Terrorismo e tortura, enfim, não estão no mesmo plano: aquele é hediondo em si, esta depende de graus e circunstâncias.” (Olavo de Carvalho – 6.jan.01 – O Globo)
• “Este direito tem que ser garantido à população de bem, à sociedade.” (Rosinha – 1.mar.03 – Jornal do Brasil)
• “Para bandido vagabundo, desses que merecem até pena de morte, você pode recorrer às vezes a certos experimentos, mas institucionalizar a tortura, isso é estupidez.” (Erasmo Dias – 23.out.05 – Folha de São Paulo)

Favela como Antro de Maldade

• “No Complexo do Alemão está um foco de terroristas e de pessoas do mal” (Sérgio Cabral – http://oglobo.globo.com/rio/mat/2007/05/17/295798976.asp)
• “Você pega o número de filhos por mãe na Lagoa Rodrigo de Freitas, Tijuca, Méier e Copacabana, é padrão sueco. Agora, pega na Rocinha. É padrão Zâmbia, Gabão. Isso é uma fábrica de produzir marginal” (Sérgio Cabral – Veja, 31/10/2007)
• “Os tiroteios são provocados pelos bandidos. Isso é parte do equilíbrio ecológico, já que eles se matam por lá mesmo” (Aloísio Russo – 27.ago.96 -Jornal do Brasil)
• “é preciso cadastrar cada um dos moradores das favelas, assim como antigamente faziam nos edifícios; policial tem que ter cara de policial, barba feita, cabelo cortado, asseado. Barbudos, cabeludos e mal trajados ficam confundidos com os bandidos” (leitor – 23.mar.96 – O Globo)
• “O esconderijo natural dos bandidos é a favela. O labirinto de casas, a localização em morros, com acesso muito difícil ou impossível para viaturas da polícia, uma população que vive à mercê dos bandidos, tudo isso faz com que as favelas sejam esconderijos ideais para bandidos.” (Lima Neto – 29.jul.97 –O Globo)
• “Não dá mais para esconder que o Rio é uma cidade entregue aos pichadores, funkeiros, traficantse, camelôs, bicheiros, flanelinhas, favelados e todos os outros espécimes da fauna em fase de reprodução.” (Editorial – 7.jan.98 – Jornal do Brasil)
• “O esconderijo natural dos bandidos é a favela” (Lima Neto – 7.fev.98 – O Globo)
• “Já está mais na hora de nossas autoridades se mobilizaram e, com apoio da sociedade, providenciarem a remoção de favela (…) Não queremos uma reedição da ficção, como no filme ‘Parque dos Dinossauros’, onde cercas eletrificadas separavam seres humanos de bestas. O final do filme já sabemos.” (leitor – 10.jan.98 – O Globo)
• “Nesses barracos, só miséria e doença, anafalbetismo e violência, a revelar uma única coisa: a solução para o caso das favelas é não haver mais favelas. As cidades não podem se desenvolver com cidadãos pela metade, gente que, não pagando imposto, representa um peso descomunal para o resto da sociedade, um fator brutal de empobrecimento.” (Editorial – 12.dez.00 –Jornal do Brasil)
• “Em princípio todos são traficantes, mas tudo será investigado” (Álvaro Lins – 12.jan.03 – O Dia)

Etiologia da Criminalidade

• “Onde houver concentração de miséria haverá vagabundo.” (Hélio Luz – 26.fev.96 -O Globo)
• “o jogo do bicho e o tráfico de drogas – e não o desemprego – são os principais responsáveis pela violência no Rio” (Fernando Henrique Cardoso – 10.fev.98 – O Globo)
• “Os problemas sociais até podem influir e pesar, mas, na realidade, a grande causa da criminalidade urbana é a permissividade.” (Luiz Paulo Conde – 29.nov.97 –O Globo)
• “O aumento dos abortos no EUA, a partir de 1973, é apontado por dois especialistas como uma das causas da queda da criminalidade na década de 90 (…) A razão disso é que, nos EUA, a maioria dos abortos é feita por mulheres negras e hispânicas, justamente os grupos que, estatisticamente, geram o maior número de criminosos americanos.” (Reportagem – 25.out.99 -Época)
• “Sem dúvida, a pobreza, a miséria e a iniqüidade social constituem campo altamente propício para a disseminação da violência. No entanto, creio que não tem sido dada a devida atenção à dimensão moral, ética e do sistema de valores como um todo, para a compreensão desse fenômeno (…) Trata-se, claramente, de uma crise ético-moral. A família, a escola e a religião não têm sido capazes, por sua vez, de reagir a essa deterioração de valores.” (Gilberto Velho – 20.mai.00 – Jornal do Brasil)
• “O tema já não é mais visto como um problema tipicamente burguês, resultado da opressão econômica, das diferenças de classe e injustiças sociais.” (Luiz Eduardo Soares – 15.abr.01 – Jornal do Brasil)
• “Os bandidos violentos são quase uma mutaçõa da ‘espécie social’, fungos de um grande erro sujo do qual nós somos cúmplices.” (Arnaldo Jabor – 18.jul.02 –O Globo)
• “A violência urbana é uma doença contagiosa de causa multifatorial. Pode acometer indivíduos de qualquer classe social, mas é nas camadas mais pobres que ela se torna epidêmica” (Drauzio Varella – 4.nov.00 –Folha de São Paulo)
• “Gabeira cultiva a tese de que, quanto mais sujas, mais violentas ficam as metrópoles” (10.mai.03 – O Dia)
• “O Marcola, apontado como chefe deles, tem sangue de boliviano. É muito perigoso. Tem tendência de guerrilha.” (Marina Maggessi – 16.mai.06 – O Globo)

Papel da Polícia

• “A PM é o melhor inseticida contra a dengue. Conhece aquele produto, SBP? Tem o SBPM. Não fica mosquito nenhum em pé. A PM é o melhor inseticida social” (Coronel Marcus Jardim – “Folha de São Paulo” de 17/04/2008)
• “O interrogatório é muito fácil de fazer / pega o favelado e dá porrada até doer./O interrogatório é muito fácil de acabar / pega o bandido e dá porrada até matar. (…)/Esse sangue é muito bom / já provei não tem perigo / é melhor do que café / é o sangue do inimigo. (…)/Bandido favelado / não se varre com vassoura/Se varre com granada / com fuzil, metralhadora.” (Canto do BOPE – 24/09/2003 – O Globo)
• “Cachorro latindo/Criança chorando/Vagabundo vazando/E o BOPE chegando/Tropa de elite, osso dura de roer/Pega um, pega geral, também vai pegar você.” (Canto do BOPE – 06/06/2007 – Veja Rio)
• “Homem de preto, qual é sua missão?/Entrar pela favela e deixar corpo no chão./Homem de preto, o que é que você faz?/Eu faço coisas que assustam o Satanás!” (Canto do BOPE – 06/06/2007 – Veja Rio)
• “Botou a mão na arma, é inimigo. E inimigo, a gente trata com tiro na testa” (Coronel Fernando Belo – O Dia, 25 nov. 2000,p. 4)
• “Em Salvador, um motoqueiro, sem camisa e capacete, não obedeceu ao policial que o mandou parar. O policial atirou e foi criticado por arbitrariedade violente. Deveria ele admirar benevolentemente o jovem por sua audácia de afrontar a autoridade policial e a lei?” (Márcio César Flores – 11.set.96 – Jornal do Brasil)
• “É leviano fazer julgamentos positivos ou negativos sobre a política de segurança como um todo. Não se pode condenar esta política pelas operações especiais, que representam apenas uma das atividades da PM.” (Jacqueline Muniz – 9.abr.96 -Jornal do Brasil)
• “É preciso ter consciência de que o problema da violência é questão de segurança nacional.” (Ib Teixeira – 08.fev.97 – O Globo)
• “A polícia é muito injustiçada – discursou o coronel. Como exemplo citou o PM Flávio Carneiro, condenado por ter executado com um tiro na cabeça, em 1995, diante de um cinegrafista da Globo, assaltante já preso.” (Noaldo da Silva – 16.mai.98 – O Globo)
• “Não criamos os cães de guarda para ficar nos lamuriando.” (Kate Lyra – 9.ago.98 – Jornal do Brasil)
• “É questão de segurança nacional. É inadmissível que grupos armados controlem áreas da cidade.” (Alfredo Sirkis – 28.dez.98 – O Globo)
• “Bandido que matar policial poderá morrer também” (José Fernando da Costa Lima – 13.set.00 – O Dia)
• “O momento atual pede o enfrentamento e a destruição militar de uma geração de bandidos que decidiu desafiar abertamente o estado de direito.” (Alfredo Sirkis – 30.mar.03 – Jornal do Brasil)

Milícia

• “Você tem áreas em que o estado perdeu a soberania por completo. A gente precisa recuperar essa soberania. Eu vou dar um exemplo, pois as pessoas sempre perguntam como recuperar essa soberania. Jacarepaguá é um bairro que a tal da polícia mineira, formada por policiais e bombeiros, trouxe tranqüilidade para a população. O Morro São José Operário era um dos mais violentos desse estado e agora é um dos mais tranqüilos. O Morro do Sapê, ali em Curicica. Ou seja, com ação, com inteligência, você tem como fazer com que o estado retome a soberania nessas áreas.” (Eduardo Paes – http://rjtv.globo.com/Jornalismo/RJTV/0,,MUL130653-9106-23,00.html)
• “A curto prazo, portanto dentro do Pan, as ADCs (Autodefesas Comunitárias) são um problema menor, muito menor, que o tráfico” (César Maia – 10/12/2006 – O Globo)
• “Os núcleos para-militares devem ser combatidos não diretamente, mas indiretamente, com a repressão ampla, geral e irrestrita ao tráfico de drogas.” (César Maia – 10/12/2006 – O Globo)

Mobilização Popular

• “Não se faz grande obra sob o troar das reivindicações e da maldita demagogia.” (Lobão-http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/10/13/lobao_diz_que_nao_houve_ditadura_no_regime_militar_mas_no_governo_de_getulio-585925244.asp)
• “Tão difícil quanto controlar a explosão de protestos contra as ações policiais é entendê-la. Especialistas divergem na hora de apontar as origens das violentas manifestações, que a polícia sempre atribui a traficantes e geralmente terminam em tiroteios. Para a antropóloga Alba Zaluar, há uma orquestração por trás de cada mobilização. Ela, no entanto, não se arrisca a apontar responsáveis. – Há indícios disso, como o uso de mulheres grávidas ou com crianças no colo. Isso é tática de guerrilha usada por palestinos – diz”. (O Globo, 21 de out. 2000, p.18.)
• “É claro que as favelas têm direito de se organizar, mas espero que seja de forma pacífica. Ou a repressão vai aumentar, como já aumentou esta semana” (Rubem César Fernandes – 28.ago.00 – Folha de São Paulo)

Impunidade como Distúrbio e Punição como Panacéia

• “Um levantamento do Departamento da Criança e do adolescente do Ministério da Justiça mostra o crescimento do número de menores de idade retidos pela pratica de crimes graves (…) A razão mais forte para o fenômeno é a relativa impunidade de que gozam os menores no Brasil, graças a uma legislação que contempla mais a sociologia do que a criminologia – O Estatuto da Criança e do Adolescente” (Veja, novembro de 2000)
• “É falso pensar que a crescente criminalidade é motivada, em sua maior parte, por fatores sociais adversos. (…) O hábito da imitação nasce com o ser racional. É um instinto natural e automático. (…) Não há dúvida de que a mídia globalizada facilita esta prática, pela exposição diária de casos escandalosos de péssimo comportamento social, (…) a impunidade tem grande potencial para contaminar o pensamento da sociedade, estimulando criminosos e até recrutando cabeças primárias portadoras de tendência delituosa” (Octavio Gomes, presidente da Associação Rio contra o crime, artigo ‘Violência e prevenção’, O globo, 14 dez 99, p. 7)
• “A gente precisa criar uma lei mais rigorosa contra os bandidos. A atual é muito branda e protege os criminosos, acrescentou o governador” (Garotinho, JB, 29 jul. 99, p. 26)
• “Hoje, tanto no Brasil como em outros países, por motivos que não há espaço para discutir, o grau de violência e o barbarismo dos crimes vêm aumentando. A sociedade e o poder público devem dar uma resposta a este desafio aumentando o rigor no combate ao crime e na aplicação das penas.” (José Genoíno – 20.ago.96 -O Globo)
• “A morte é uma coisa muito rápida. O criminoso tem que ter seu castigo, expiar a sua culpa. (…) Na minha opinião, as melhores punições, mesmo para os crimes hediondos, seriam a pena perpétua ou a de trabalhos forçados.” (Luiz Paulo Conde – 10.out.96 -Jornal do Brasil)
• “Continua esta empulhação de que esses pivetes, muitos deles ladrões, assassinos, autores de perversidades mil com pessoas idosas e indefesas, são crianças inocentes.” (Paulo Francis – 9.mai.96 -O Globo)
• “Quando, finalmente o Código Penal será acionado para punir os pais infratores e irresponsáveis?” (Editorial – 31.mai.96 -Jornal do Brasil)
• “A crime hediondo deve corresponder punição severa. Se isso não acontece, a impunidade pode se tornar insuportável para a sociedade. Desequilibra-se uma espécie de balança moral sem a qual as sociedades não respiram; não por acaso, a imagem da Justiça é a balança: tem que haver equilíbrio entre o delito e a punição.” (Editorial – 23.mar.96 – O Globo)
• “A pena de morte daria um instrumento à sociedade para eliminar do seu convívio animais, monstros, que não podem ser sustentados pelos impostos pagos por esta mesma sociedade.” (César Maia – 10.out.96 -Jornal do Brasil)
• “[O Código Penal é] de um tempo em que ser roubava galinha e se lavava honra de filha. É extremamente paternalista, facilitando a vida do bandido e dificultando a do cidadão de bem.” (Vera Lúcia Alves – 11.ago.96 -Jornal do Brasil)
• “A legislação penal é branda, anacrônica e condescendente com os criminosos. Basta dizer que a maior pena prevista no Código Penal brasileiro é de 30 anos de reclusão.” (leitor – 27.mar.96 – O Globo)
• “É melhor um certo grau de certeza onde as normas, ainda que cruéis e injustas, sejam conhecidas e acatadas do que os sofrimentos gerados pela ausência de qualquer norma, onde tudo é imprevisível e desconhecido.” (Victor Márcio Konder – 3.ago.97 –Jornal do Brasil)
• “Algumas políticas de direitos humanos se dissolveram no folclore das liberdades platônicas e deixaram a sociedade à mercê, por exemplo, do Estatuto da Criança que garante ao menor infrator o direito de matar e integrar quadrilhas, sem punição.” (Editorial – 16.abr.98 –Jornal do Brasil)
• “Temos de ter normas objetivas e claras, e cumpri-las para valer. Feito as regras do trânsito. Não se indaga qual a idade ou o grau de culpa de quem furou o sinal vermelho, mas apenas o fato.” (Roberto Campos – 22.mar.98 – O Globo)
• “Ninguém agüenta mais o tratamento com luvas de pelica, calcado em uns supostos direitos humanos com que as autoridades premiam os criminosos brasileiros” (leitor – 22.abr.98 –O Globo)
• “Depois que segurança pública passou a ser tema de intelectual, os bandidos se beneficiaram e a criminalidade cresceu.” (Milton Côrrea da Costa – 6.set.98 – Jornal do Brasil)
• “Ninguém consulta índices antes de sair de casa. O que se quer é ter a sensação, de preferência a certeza, de que não se vai ser assaltado.” (Zuenir Ventura – 31.jul.99 – O Globo)
• “O que reduz o crime é repressão. Repetindo: repressão.” (Elio Gaspari – 10.nov.99 – O Globo)
• “[As leis servem para] garantir que se pode matar e, cinco anos depois (só esse tempinho!), estar vivendo como se nada tivesse acontecido?” (Hildegard Angel – 1.abr.00 – O Globo)
• “Os profissionais do Núcleo de Pesquisadores da Violência, comandados por Alba Zaluar, estão sendo vítimas da síndrome da violência. Num condomínio de classe média,’onde estão as pessoas mais amedrontadas da cidade’, uma pesquisadora ficou presa num apartamento para não ser agredida por um morador, que suspeitou não haver pesquisa alguma, mas apenas a coleta de dados para um assalto futuro. Alba pede que se avise: o pesquisa existe. É importante para a cidade.” (coluna Gente Boa – 16.ago.05 –O Globo)
• “Ou se age com todos os meios suficientes ou se cria (sic) condições para reuni-los [os senhores da guerra] e então agir de forma fulminante e implacável.” (Alfredo Sirkis – 22.jun.07 – Jornal do Brasil)